Os juízes decidem com base em suas próprias satisfações e ouvem com parcialidade, rendendo-se aos contendores [se ricos e poderosos] em vez de julgá-los.
Aristóteles (384-322 a. C) filósofo grego e discípulo de Platão
No meu livro “Operação
Lava-Toga: deu a louca em Zeus!” eu citei trecho de um artigo de “O
Antagonista”, que relatou como o advogado Ricardo Lewandowski foi alçado pelo
presidente Lula ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com o historiador e
comentarista político, Marco Antônio Villa, Enrique Ricardo Lewandowski foi indicado a Lula pelo amigão Laerte
Demarchi, do restaurante Frango com Polenta, de São Bernardo do Campo, com quem
o petista viajava, pescava e fazia caminhadas e no restaurante do qual o então
sindicalista comia de graça. Em 2012, a revista Época confirmou esta história,
quando publicou matéria falando sobre os amigos de Lula, que compreendiam Luiz
Marinho, Lewandowski e Demarchi. E Época afirma: “A família Demarchi se orgulha
de ter sugerido o nome de Lewandowski quando surgiu uma vaga no Supremo. ‘O
único favor que pedimos ao Lula, que foi meu irmão Laerte [ex-vice-prefeito de
São Bernardo] quem pediu, foi para que ele colocasse o Ricardo como ministro’.
O Lula falou: ‘Tudo bem’”. E prossegue: Agora que a Lava Jato investiga o elo
entre Lula, José Carlos Bumlai e Laerte Demarchi, o que vai dizer o presidente
do STF, indicado para o cargo pelo próprio Laerte Demarchi? Tudo bem!
Disponível em: https://www.oantagonista.com/brasil/o-presidente-do-stf-foi-indicado-pelo-parceiro-de-bumlai/.
Acesso em: 11 set. 2019.
Ricardo
Lewandowski correspondeu fielmente
aos anseios do Partido dos Trabalhadores, desde que foi o revisor da Ação Penal
470 (Mensalão), que teve o ministro Joaquim Barbosa como relator. O Brasil
inteiro acompanhou a contenda entre os dois ministros, com Lewandowski fazendo
de tudo para tentar inocentar a bandidagem petista.
Ricardo
Lewandowski conduziu magicamente o
processo de Impeachment da presidente Dilma Rousseff e conseguiu rasgar a
Constituição Federal para deixá-la com os Direitos Políticos válidos, apesar de
seu impedimento e da não previsão de votação em separado, já que a perda de direitos
políticos é automática.
Ricardo
Lewandowski teve grande atuação, ao
lado de Gilmar Mendes e Dias Toffoli, na 2ª Turma do STF, numa cruzada sem
precedentes para livrar da prisão, grandes corruptos de colarinho branco, membros
do PT e corruptos ligados ao PSDB, de Gilmar Mendes. Além disso, foi voz firme
contra a prisão depois da condenação em Segunda Instância.
Ricardo Lewandowski determinou, em liminares, no dia 13 de março de 2023 - às vésperas de
se aposentar -, a suspensão, em relação a seis réus diferentes, de cinco ações
penais abertas a partir da Operação Lava-jato com base em provas de delatores
da Odebrecht. Dentre os beneficiados estava o ex-ministro de Minas e
Energia, o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA), reconhecido corrupto.
Membros da família de Lobão também
foram abrangidos pelas decisões: seu filho, empresário e ex-presidente da
Brasilcap — braço de planos de capitalização do Banco do Brasil —, Márcio
Lobão; e sua nora, esposa de Márcio, a advogada Marta Martins Fadel Lobão.
Engraçado que neste bolo também
estava o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, livre de acusações e
agora testemunha contra o ex-juiz Sérgio Moro. Como são as coisas no STF:
provas legítimas são anuladas e testemunho de bandido serve de prova para
perseguir o ex-juiz da Lava-Jato... Este é o Brasil da Corrupção!
Ricardo Lewandowski, com estas decisões absurdas, abria caminho para o que viria ser feito
pelo ministro Dias Toffoli: considerar imprestáveis todas as provas contra
corruptos de largo calibre, com base nas provas levantadas contra a Odebrecht,
que nada têm de errado, mas que não tem nenhuma instância acima do STF para
frear o show de horrores protagonizado por alguns de seus ministros.
Ops! Até que tem instância superior:
o Senado Federal, mas lá tem tanto corrupto com rabo preso com o STF e seguros
de que também terão seus processos anulados ou prescritos em gavetas bem
guardadas da Suprema Corte, que nada é feito para barrar a criminosa sanha de
alguns ministros em defesa de seus corruptos de estimação.
Ricardo Lewandowski, no dia 22 de março de 2023, teve um encontro reservado com Lula, em
Recife, para informá-lo de sua decisão em antecipar sua aposentadoria e, claro,
prestar conta a Lula sobre sua decisão de aceitar, ato contínuo, sua
contratação para tratar de interesses do Grupo J&F, dos irmãos Batista,
onde vai ganhar mais dinheiro do que em toda a sua vida de advogado e ministro
do STF.
Ricardo Lewandowski deixou o Supremo em abril de 2023 e foi diretamente para São Paulo se
encontrar com seus novos patrões: Joesley e Wesley Batista. Sua função, no
poderoso grupo industrial é de “consultor sênior”, em apoio ao grupo de
advogados, que atendem a conta J&F.
Do outro lado da bilionária contenda
com o grupo Paper Excellence - pelo controle da Eldorado Brasil Celulose -,
estão dois pesos pesados da política paulista: o ex-presidente Michel Temer e o
ex-governador de São Paulo João Dória, assessorando os escritórios de Advocacia
que defendem o grupo de celulose da Indonésia, que assinou um contrato de
compra da Eldorado Brasil Celulose e até agora somente levou 49% das ações e
briga na Justiça para que os irmãos Batista honrem com o contrato e transfiram
os restantes 51% para a Paper Excellence.
Ricardo Lewandowski também atuará em outra batalha da JBS, que é conseguir reduzir a multa
do Acordo de Leniência assinado com a PGR, no valor de 10,3 bilhões de reais.
Os irmãos Batista que reduzir 6,8 bilhões deste montante.
Mas todos nós sabemos que não se
ganha ações deste vulto apenas porque o Ricardo Lewandowski fez um parecer a
mais, ou que o Michel Temer e o João Dória fizeram pareceres em defesa da Paper
Excellence. Isto só será resolvido a favor de quem tiver maior cacife para
convencer juízes a darem decisões favoráveis aos cowboys goianos, mesmo ferindo
a lei.
E, sem dúvida, tudo isto é em troca
de muito dinheiro. E a coisa vai chegar até o Supremo. Aí, a vantagem poderá
estar ao lado de Ricardo Lewandowski, que terá a oportunidade de acionar seus
reis, rainhas e bispos, apoiados por peões de gabarito, para distorcer os fatos
e dar a vitória definitiva à família Batista.
Poderá demorar uns anos a mais, mais
o dim-dim estará caindo farto todos os meses.
Viva a (in) Justiça Brasileira!