domingo, 1 de outubro de 2023

O Poder, às vezes, é perverso

O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido.

Hannah Arendt (1906-1975) foi uma teórica política alemã, uma das maiores pensadoras do século XX.

- Vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente, vou trabalhar. O Stuckert [Ricardo, secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual], não quer que eu ande de andador. Ele já falou 'não vou filmar você de andador. Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado.

Este é o Lula, que vive de falar besteira e ainda tem um monte de jumento para bater palma.

Entretanto, o maior problema de Lula não é ser fotografado de andador, mas não poder pegar avião. No segundo mandato de Lula, ele até que andou menos, mas no primeiro mandado, ele ficou fora do país um ano dos quatro que ele foi eleito para governar o país. Definitivamente, não é disso que ele gosta; prefere passear e terceirizar o governo.

Agora, está terceirizando ilicitamente para a Janja, mas, de outras vezes, terceirizou para o Centrão. Não sei, sinceramente, quem é seu pior executivo...

Lula é o presidente brasileiro que mais realizou viagens, sendo um dos chefes de Estado que mais viajou na história. Foram 139 viagens internacionais para 80 países, além de AntártidaGuiana Francesa e Palestina nos dois primeiros mandatos (2003-2010).

Veja o Top Five das viagens de Lula:

Oito viagens: Bolívia, Chile e Paraguai

Nove viagens: Uruguai

Doze viagens: Estados Unidos

Treze viagens: Venezuela

Dezoito viagens: Argentina

Enquanto isto, o Congresso Nacional está incluindo no Orçamento da União para 2024, mais R$ 27 bilhões, fora os R$ 37,6 bilhões incluídos na proposta do governo enviada ao Parlamento.

É uma gastança sem limites e Lula se preocupa em aproveitar a cirurgia de correção do quadril para levantar as pálpebras (cirurgia estética) para, segundo ele, ficar mais bonito na foto e agradar a sua cuidadora Esbanja.

E tenha a certeza disso: nós pagamos toda esta conta.

 

sábado, 30 de setembro de 2023

Geraldo Alckmin: um vice na vitrine da Odebrecht

Vivam os meus inimigos! Eles, ao menos, não me podem trair.

Henry de Montherlant (1896-1972) foi um escritor, ensaísta e novelista francês.

Parece coisa da última semana:

- O que nós vemos diariamente é a corrosão da credibilidade do presidente. Acho que ninguém mais acredita no Lula. É muito triste o que está acontecendo no Brasil.

Não, esta fala não é porque o “Picolé de Chuchu” foi escanteado, com a Esbanja assumindo o papel que deveria ser dele, com o Lula revivendo seus dias de criança usando andador no Palácio da Alvorada, de onde vai, secretamente, despachar.

E, engraçado, que Geraldo Alckmin nem reclama. E você sabe por quê?

Veja bem: em 2018, o MPF de São Paulo abriu investigação para apurar se o tucano praticou improbidade administrativa, ou seja, se recebeu benefício ou vantagem indevida em decorrência do cargo que ocupava.

Alckmin foi citado em três delações de executivos da Construtora Odebrecht, por ter supostamente recebido R$ 10 milhões, via caixa dois. Deste total, R$ 8 milhões teriam relação indireta com as obras da linha seis do Metrô. Seu codinome nas planilhas da Odebrecht era “Belém”.

Benedito Júnior, chefe do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht (o chamado Departamento de Propina) disse que a empresa repassou o dinheiro para duas campanhas de Alckmin, em 2010 e 2014.

Nestes anos eleitorais, ainda eram permitidas doações de empresas, o que somente seria proibido pelo STF em 2015. Mas, segundo a acusação, as doações não foram registradas na prestação de contas de Alckmin à Justiça Eleitoral, o que configura crime.

Os pagamentos teriam sido feitos a Adhemar César Ribeiro, cunhado de Alckmin, e Marcos Monteiro, que foi secretário de Planejamento na gestão do ex-governador e atualmente chefia a pasta do Desenvolvimento Econômico.

Depois que Alckmin deixou o governo de S. Paulo e perdeu o foro privilegiado, a ação que corria contra ele no STJ foi para S. Paulo, mas por conta de manobras espúrias do STF, esta foi parar na Justiça Eleitoral de S. Paulo.

A intenção do STF é que a Justiça Eleitoral fizesse como os semideuses do Olimpo brasiliano fazem: engavetar. Mas, a Justiça Eleitoral de São Paulo ratificou no dia 17 de março de 2022, a denúncia contra o ex-governador Geraldo Alckmin de receber R$ 11 milhões em doações ilegais da Odebrecht.

E o bravo Geraldo Alckmin, que comparou Lula a ladrão de carro, correu para puxar saco de Lula para conseguir um foro privilegiado junto ao bondoso [para os políticos] Supremo Tribunal Federal.

Virou vice-presidente.

A ação contra Alckmin foi trancada pelo não menos corrupto ministro Ricardo Lewandowski, mas o crime está apenas na geladeira.

Lula, como não queria sombra, logo depois de eleito deu um jeito de colocar Alckmin à frente de um Ministério com muito trabalho a ser feito e sem muita visibilidade, para ele não ter tempo de fazer política e chegar cacifado para 2026.

Agora, em processo de recuperação de uma cirurgia no quadril, o presidente não quer saber de colocar Alckmin à frente do governo e prefere transferir o Poder, mesmo que de forma irregular, à sua esposa, como se faz naqueles países comandados por ditadores de quinta categoria.

Lula sempre sonhou em ser um Ditador, até mesmo de quinta categoria, como tantos que ele adora e vive de braços dados, e a quem entrega bilhões de dólares do Brasil.

Por hora, ele está sob a proteção da canalha do Centrão, que aproveita de sua fraqueza moral, ética e estrutural (desgaste de junta?) para se lambuzar com o dinheiro público, que carreiam de todos os cofres disponibilizados por Lula e sua companheirada.


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

PACIFICAÇÃO QUE FAZ MAL AO JUDICIÁRIO E AO PAÍS


Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!

William Shakespeare (1564-1616) foi dramaturgo e poeta, reconhecido como o maior dramaturgo de todos os tempos.

Uns dizem que mais parece briga de colegiais, rolando na poeira depois de prometerem o famoso “te pego lá fora”, mas, o local não é muito apropriado para este tipo de arroubo juvenil, pois se trata do Plenário do Supremo Tribunal Federal.

Outros afiançam que se deve deixar pra lá, pois “aquilo ali é briga de cachorro grande”; fazendo o famoso “finge que não viu”.

O fato é que não se trata nem de uma coisa nem de outra e o grande perdedor de todas as rusgas que, volta-e-meia surgem no Plenário, nos corredores e no “cafezinho” do Supremo Tribunal Federal é a própria imagem da instituição, enlameada por agressões entre ministros, que quase chegam às vias-de-fato, quando deveriam ser exemplos de ética, moral e honestidade intelectual, pelo menos.

Entretanto, sabemos que a Corte Suprema é uma instância mais política do que jurídica, formada por indicados e sabatinados por políticos, às vezes, sem base intelectual e ética para ser alçado ao posto de ministro de um Tribunal Constitucional.

Além disso, é fartamente sabido que alguns ministros foram indicados ao cargo com a única missão de desempenhar um papel bem diverso do que deles espera a sociedade: libertar seus corruptos de estimação e trabalhar para engessar a Justiça e as investigações policiais contra os políticos do grupo que representam e pelos quais chegaram ao Poder.

E o protagonista maior dessas discussões acaloradas e, não raras vezes, que provocam a suspensão da sessão de julgamento, é o ministro Gilmar Mendes. Sobre isso, assertivamente disse o ministro Barroso: “(...) Vossa Excelência está sempre com ódio de alguém, sempre com raiva de alguém”.

E sempre é assim: vossa excelência pra lá, vossa excelência pra cá, e o pau come solto, e as línguas e mentes contaminadas pelo ódio e pela vaidade que graça o recinto da Suprema Corte, deixam fluir pelos quatro cantos do mundo, via TV Justiça, o lado mesquinho, arrogante - e, por que, não? -, criminoso daqueles que deveriam agir como atores do equilíbrio da República.

Relembre os mais espetaculares – no mau sentido, é claro -, embates travados pelo ministro Gilmar Mendes e outros de seus pares no Supremo. Esta é somente a parte visível do que ocorre naquela Corte de Justiça, onde os semideuses do Olimpo se digladiam em nababescos recintos, que transcendem o que os reles mortais jamais terão acesso nem em delírio.

Gilmar Mendes brigou com ‘deuses’ e o povo, mas o mais marcante mesmo foram algumas de suas rusgas com o ministro Luis Roberto Barroso, que não levou desaforo para casa:

- Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, isso é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário.

- Me deixa de fora desse seu mau sentimento; você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo, Vossa Excelência vir aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa excelência não consegue articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas, não tem nenhuma ideia, nenhuma, nenhuma, só ofende as pessoas.Só ofende as pessoas, ofende. Qual a sua ideia? Qual é a sua proposta? Nenhuma; nenhuma. É bílis, ódio, mau sentimento, mal secreto. É uma coisa horrível. Vossa Excelência nos envergonha; você é uma desonra para o tribunal. Uma desonra para todos nós. Um temperamento agressivo, grosseiro, rude. É péssimo isso. Vossa Excelência, sozinho, desmoraliza o tribunal. É muito ruim. É muito penoso para todos nós termos que conviver com Vossa Excelência aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, tá sempre atrás de algum interesse que não é o da Justiça. Uma coisa horrorosa. Uma vergonha.

Constrangimento. É muito feio isso. Esse é o Supremo Tribunal Federal.

Estes foram apenas dois exemplos do que disse Barroso em relação e Gilmar Mendes. Será que, depois de tudo, este abraço sela alguma pacificação. A não ser que isto apenas sinalize que eles passarão a brigar somente lá fora, longe dos holofotes da TV Justiça.

Gilmar Mendes, em qualquer hipótese, continuará agindo com canalhice, pela convicção que ele tem de que precisa desestruturar o sistema judicial para não ser pego pelos crimes de responsabilidade cometidos e fartamente expostos.

Judas antes de vender Jesus por 30 dinheiros também o abraçou e o beijou na face, chamando-o de mestre.

 


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Um Eldorado de Crimes: Lewandowski versus Temer!


A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar
Sun Tzu (544-496 a. C.)
Estrategista de guerra, general do Rei Hu Lu e filósofo chinês.

A Eldorado Brasil Celulose, situada em Três Lagoas (MS), é parte do império dos irmãos Batista e foi colocada à venda, em setembro de 2017, juntamente com outros ativos do Grupo J&F, depois que Joesley e Wesley Batista deixaram a prisão, após negociarem um Acordo de Delação (Hiper) Premiada com a Procuradoria-Geral da República.

Este é mais um dos negócios do grupo alavancado com dinheiro estatal e à custa de muita propina e que também foi objeto de diversas operações da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público Federal (veja abaixo).

Só de empresas do Grupo J&F, segundo planilha entregue ao Ministério Público Federal, por Joesley Batista, o operador de propinas Lúcio Funaro recebeu cerca de R$ 170 milhões de Comissão Ilícita (propina).

- “O Funaro é o operador financeiro do Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara dos Deputados] do esquema do MDB na Câmara dos Deputados, composto pelo presidente [da República] Michel [Temer], mais o Eduardo, enfim, e alguns outros membros”, disse Joesley Batista em depoimento ao Ministério Público Federal. “Ele [Funaro] sempre dizia: "Eu falo em nome do Eduardo e Eduardo é da turma do Michel [Temer]", afirmou o empresário aos investigadores.

Pois bem, depois Joesley Batista se negou a entregar os 100% de participação acionária da Eldorado Brasil Celulose ao comprador Paper Excellence, conforme foi pactuado entre as partes.

Inconformada, a Paper Excellence provocou a Justiça de São Paulo, que decidiu que a disputa entre a J&F e a Paper Excellence deveria ser resolvida em Arbitragem e que as partes não poderiam vender suas participações na Eldorado Brasil Celulose antes do início do processo.

Então, o imbróglio foi parar no Tribunal Arbitral da Chamber Of Commerce (ICC), para o qual a J&F e a Paper Excellence indicaram cada qual um árbitro e as duas empresas acordaram em torno de um nome para dirigir o processo de Arbitragem. Aí, já estávamos em 2019. Quase dois anos depois, o Tribunal Arbitral decidiu, por três votos a zero, que a razão estava com a Paper Excellence e que a J&F deveria entregar o restante das ações.

Aí, foi a vez de a J&F buscar a Justiça para tentar reverter a decisão da Arbitragem. E isto rola de juiz em juiz, numa confusa orquestração comandada pela Paper Excellence e pela J&F. Cada qual com as armas que consegue. Aí, então, é que entram em campo os advogados-consultores: a Paper Excellence contratou Michel Temer e João Dória Jr., enquanto a J&F, além do batalhão de advogados e especialistas, contratou o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski.

Neste momento, a 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo está em fase final de decisão. Dois votos já proferidos pela Turma rejeitam o Recurso da J&F, mas o julgamento foi suspenso por pedido de vista de um desembargador. Como a turma é de três, se ele votar seguindo o relator, será negado o Recurso, mas se ele votar de forma divergente, outros dois desembargadores serão convocados para se juntarem à turma, para análise do processo e para votar, já que a matéria exige maioria qualificada de votos (3/5).

Não é a primeira decisão; outras já ocorreram, mas ao que parece, a J&F quer levar esta demanda até o Supremo Tribunal Federal e, por isso e outras, os irmãos Batista contrataram, a peso de ouro, o ex-ministro Ricardo Lewandowski, que poderá fazer um belo parecer auricular em seus velhos companheiros.

Do outro lado do ringue estão dois pesos pesados da Política: Michel Temer e João Dória e com a mesma estratégia, só que contratados pela Paper Excellence.

Eu escrevi o livro “Widjaja: o dragão de Komodo”, que conta tim-tim por tim-tim todas as falcatruas que envolvem a Eldorado Brasil Celulose e sua venda para os indonésios, que nada têm de melhor. E, por isso, estou sendo processado por eles; já respondi à Carta Precatória da Justiça de São Paulo e aguardo no que vai dar. Enquanto isto, continuo dando umas pauladas nesta turma de trambiqueiros. 


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Michel Temer: o consultor de reputação ilibada!

Um pequeno ladrão é colocado na cadeia.
Um grande bandido torna-se o governante de uma nação

Chuang Tzufamoso filósofo da China antiga, do Século IV a.C.

- Olha Ricardo, tem R$ 1 milhão que eu quero que você entregue em dinheiro neste endereço aqui.

Quem teria feito este pedido, de acordo com a delação premiada de Ricardo Saud, foi o então vice-presidente da República Michel Temer.

Isto teria ocorrido quando Temer recebeu de Saud - enviado de Joesley Batista -, a informação de que a JBS estava destinando – da conta do PT de 300 milhões, mantida pela JBS e derivada de propina por negociatas com o BNDES -, R$ 15 milhões para a Campanha Eleitoral do MDB em 2018.

Ricardo Saud, o homem das Relações Institucionais da JBS, disse aos procuradores:

- O Michel Temer fez uma coisa muito deselegante, porque nessa eleição eu só vi dois caras roubarem deles mesmos: um foi o Gilberto Kassab e o outro, o Temer. O Temer me deu um papelzinho com o endereço de entrega. [1]

E completou, em tom de ironia:

− Eu já vi o cara pegar o dinheiro na campanha e gastar na campanha. Agora, o cara ganhar um dinheiro do PT e guardar no bolso dele, isso aí é demais!

No depoimento de Joesley Batista, a coisa foi pior, porque, como é de conhecimento geral, o cowboy goiano gravou conversa nada republicana com Michel Temer e entregou o gravador de voz USB (pen drive gravador) para o MPF.

Desde então, Joesley Batista e Michel Temer cortaram relações.

E agora, o ex-presidente está do lado oposto, prestando Consultoria em uma guerra bilionária envolvendo os irmãos Batista e o grupo indonésio Paper Excellence, que negocia com a J&F a aquisição definitiva da Eldorado Brasil Celulose, que Joesley Batista desistiu de forma unilateral de interromper as negociações para venda de 100% da empresa por R$ 15 bilhões.

A Paper Excellence conseguiu adquirir, numa primeira rodada, 49,41% das ações, mas Joesley Batista decidiu não vender os 100% como prometido, porque, deixou de ser um bom negócio para ele, com a valorização da celulose no mercado internacional e diante da potencialidade da fábrica brasileira.

Agora, me diga com sinceridade: você acha que algum conselho ou parecer feito por Michel Temer vai resolver a contenda, ou a Paper Excellence contratou o ex-presidente da República Michel Temer e o ex-governador de São Paulo, João Dória, para atuarem neste processo em “Petições Auriculares”?

 


[1] O endereço em questão era da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, do coronel reformado João Baptista Lima Filho, amigo de Michel Temer. Segundo o delator Ricardo Saud, o dinheiro, em espécie, foi entregue por Florisvaldo, outro delator do grupo JBS.


terça-feira, 26 de setembro de 2023

A busca por um procurador-geral tão servil quanto Aras

Um capacho pode querer ser um tapete persa ou voador. Mas, dificilmente, chegará a ser o sapato que o pisa.
Guto Maia

O cargo deveria ser o de Procurador-Geral da República, mas, na prática, ele acaba sendo o Defensor-Geral de um Governo Corrupto e Antirepublicano. Por isso, o presidente Lula está procurando aquele procurador que ele poderá chamar de seu!

E, infelizmente, candidato é que não falta. Tudo se resume em luta pelo Poder.

O ministro Gilmar Mendes, que se mete em tudo que não devia, quer emplacar seu antigo sócio fundador do Instituto de Direito Público (IDP) Paulo Gustavo Gonet Branco, atual vice-procurador-geral Eleitoral. Ele está no Ministério Público desde 1987 e deixou a sociedade com Gilmar Mendes em 18 de agosto de 2017.

Paulo Gustavo Gonet Branco repassou a participação de 43,44%, que tinha no IDP, para o filho do ministro Gilmar Mendes - Francisco Schertel Ferreira Mendes - pela bagatela de R$ 12.004.926,16 – dinheiro de financiamento que o ministro Gilmar Mendes contraiu junto ao Bradesco. Gonet Branco recebeu sua milionária participação em dinheiro, que o banco havia liberado ao IDP, de um montante de R$ 26.250.000,00, que deveria ser pago em 180 prestações, com juros a uma taxa pré-fixada de 0,90% ao mês, considerada melhor do que 99,92% dos empréstimos oferecidos pelo mercado. [1]

Mas esta é outra história e está bem detalhada no livro “Operação Lava-Toga: deu a louca em Zeus!”, que você poderá adquirir no Clube de Autores.

Vamos voltar ao caso presente...

Lula quer que o próximo PGR tenha um perfil diferente dos que ele indicou em seus mandatos anteriores e que lhe deu muita dor de cabeça, por cumprir suas funções constitucionais. No primeiro Mandato, o escolhido foi Claudio Fonteles. Isto, a partir de uma lista tríplice votada pelos membros do Ministério Público. Isso, Lula não quer mais. Fonteles, que tomou posse no dia 30 de junho de 2003, foi o responsável pela abertura das investigações que resultaram na Ação Penal 470 (Mensalão) e somente ficou no cargo até 29 de janeiro de 2005.

Com a saída de Fonteles, Lula novamente recorreu à lista tríplice e escolheu o vice-procurador-geral da República, Antônio Fernando de Barros e Silva de Souza, que tomou posse no dia 30 de janeiro de 2005 e atuou até meados de 2009, inaugurando a era das reconduções ao cargo. Fonteles teve destacada atuação nas investigações do Mensalão.

O procurador-geral indicado por Lula para substituir Antônio Fernando foi Roberto Monteiro Gurgel Santos (22 de junho de 2009 até 31 de dezembro de 2010), também saído de uma lista tríplice e, como os demais escolhidos por Lula, o mais votado.

Lula agora quer imitar seu antecessor no cargo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e escolher alguém que lhe sirva de capacho e não alguém que queira cumprir seu ofício de investigar os amiguinhos corruptos do presidente, que está sendo encoxado dia-e-noite pela turma do Centrão, que somente age para roubar a Nação. Por isso, ele avisou com antecedência de que não escolheria o próximo PGR em função de uma lista tríplice, que, via-de-regra, cumpriram suas funções, que são de Estado e não de Governo, como quer agora o petista, já PhD em malandragem e aliado de primeira mão da corruptela parlamentar.

Hoje (26/9) Augusto Aras se despede da função de Procurador-Geral da República, depois de cumpridos dois mandatos, em que se mostrou servil aos interesses de Jair Bolsonaro e militante na ofensiva contra à Operação Lava-Jato.

Vários nomes têm surgido como possíveis candidatos à indicação de Lula e ele, tenham toda a certeza, colocará alguém que tenha um discurso de “amiguinhos de todos” e que procurará agir em frentes que priorizem questões da agenda progressista do Partido dos Trabalhadores e protegerá o quanto puder a corruptela palaciana e membros do Congresso Nacional envolvidos em mil e uma falcatruas.  

 

[1] Pelo menos R$ 36 milhões em empréstimos foram concedidos pelo Bradesco ao Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), faculdade que tem como um dos sócios o ministro Gilmar Mendes. Um dos problemas, no entanto, está nos descontos milionários extraído dos juros, sendo que um deles representou R$ 2,2 milhões, como demonstram documentos obtidos pelo site BuzzFeed. O detalhe é que ao menos 120 decisões relacionadas ao banco foram tomadas no Supremo com a participação de Gilmar em cada um desses julgamentos. (UOL. Congresso em Foco. Bradesco deu descontos milionários à Faculdade de Gilmar Mendes, di BuzzFeed. São Paulo, 27 set. 2017).

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Ricardo Lewandowski: um ministro do barulho!

Os juízes decidem com base em suas próprias satisfações e ouvem com parcialidade, rendendo-se aos contendores [se ricos e poderosos] em vez de julgá-los.

Aristóteles (384-322 a. C) filósofo grego e discípulo de Platão

No meu livro “Operação Lava-Toga: deu a louca em Zeus!” eu citei trecho de um artigo de “O Antagonista”, que relatou como o advogado Ricardo Lewandowski foi alçado pelo presidente Lula ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o historiador e comentarista político, Marco Antônio Villa, Enrique Ricardo Lewandowski foi indicado a Lula pelo amigão Laerte Demarchi, do restaurante Frango com Polenta, de São Bernardo do Campo, com quem o petista viajava, pescava e fazia caminhadas e no restaurante do qual o então sindicalista comia de graça. Em 2012, a revista Época confirmou esta história, quando publicou matéria falando sobre os amigos de Lula, que compreendiam Luiz Marinho, Lewandowski e Demarchi. E Época afirma: “A família Demarchi se orgulha de ter sugerido o nome de Lewandowski quando surgiu uma vaga no Supremo. ‘O único favor que pedimos ao Lula, que foi meu irmão Laerte [ex-vice-prefeito de São Bernardo] quem pediu, foi para que ele colocasse o Ricardo como ministro’. O Lula falou: ‘Tudo bem’”. E prossegue: Agora que a Lava Jato investiga o elo entre Lula, José Carlos Bumlai e Laerte Demarchi, o que vai dizer o presidente do STF, indicado para o cargo pelo próprio Laerte Demarchi? Tudo bem!

Disponível em: https://www.oantagonista.com/brasil/o-presidente-do-stf-foi-indicado-pelo-parceiro-de-bumlai/. Acesso em: 11 set. 2019.

Ricardo Lewandowski correspondeu fielmente aos anseios do Partido dos Trabalhadores, desde que foi o revisor da Ação Penal 470 (Mensalão), que teve o ministro Joaquim Barbosa como relator. O Brasil inteiro acompanhou a contenda entre os dois ministros, com Lewandowski fazendo de tudo para tentar inocentar a bandidagem petista.

Ricardo Lewandowski conduziu magicamente o processo de Impeachment da presidente Dilma Rousseff e conseguiu rasgar a Constituição Federal para deixá-la com os Direitos Políticos válidos, apesar de seu impedimento e da não previsão de votação em separado, já que a perda de direitos políticos é automática.

Ricardo Lewandowski teve grande atuação, ao lado de Gilmar Mendes e Dias Toffoli, na 2ª Turma do STF, numa cruzada sem precedentes para livrar da prisão, grandes corruptos de colarinho branco, membros do PT e corruptos ligados ao PSDB, de Gilmar Mendes. Além disso, foi voz firme contra a prisão depois da condenação em Segunda Instância.

Ricardo Lewandowski determinou, em liminares, no dia 13 de março de 2023 - às vésperas de se aposentar -, a suspensão, em relação a seis réus diferentes, de cinco ações penais abertas a partir da Operação Lava-jato com base em provas de delatores da Odebrecht. Dentre os beneficiados estava o ex-ministro de Minas e Energia, o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA), reconhecido corrupto.

Membros da família de Lobão também foram abrangidos pelas decisões: seu filho, empresário e ex-presidente da Brasilcap — braço de planos de capitalização do Banco do Brasil —, Márcio Lobão; e sua nora, esposa de Márcio, a advogada Marta Martins Fadel Lobão.

Engraçado que neste bolo também estava o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, livre de acusações e agora testemunha contra o ex-juiz Sérgio Moro. Como são as coisas no STF: provas legítimas são anuladas e testemunho de bandido serve de prova para perseguir o ex-juiz da Lava-Jato... Este é o Brasil da Corrupção!

Ricardo Lewandowski, com estas decisões absurdas, abria caminho para o que viria ser feito pelo ministro Dias Toffoli: considerar imprestáveis todas as provas contra corruptos de largo calibre, com base nas provas levantadas contra a Odebrecht, que nada têm de errado, mas que não tem nenhuma instância acima do STF para frear o show de horrores protagonizado por alguns de seus ministros.

Ops! Até que tem instância superior: o Senado Federal, mas lá tem tanto corrupto com rabo preso com o STF e seguros de que também terão seus processos anulados ou prescritos em gavetas bem guardadas da Suprema Corte, que nada é feito para barrar a criminosa sanha de alguns ministros em defesa de seus corruptos de estimação.

Ricardo Lewandowski, no dia 22 de março de 2023, teve um encontro reservado com Lula, em Recife, para informá-lo de sua decisão em antecipar sua aposentadoria e, claro, prestar conta a Lula sobre sua decisão de aceitar, ato contínuo, sua contratação para tratar de interesses do Grupo J&F, dos irmãos Batista, onde vai ganhar mais dinheiro do que em toda a sua vida de advogado e ministro do STF.

Ricardo Lewandowski deixou o Supremo em abril de 2023 e foi diretamente para São Paulo se encontrar com seus novos patrões: Joesley e Wesley Batista. Sua função, no poderoso grupo industrial é de “consultor sênior”, em apoio ao grupo de advogados, que atendem a conta J&F.

Do outro lado da bilionária contenda com o grupo Paper Excellence - pelo controle da Eldorado Brasil Celulose -, estão dois pesos pesados da política paulista: o ex-presidente Michel Temer e o ex-governador de São Paulo João Dória, assessorando os escritórios de Advocacia que defendem o grupo de celulose da Indonésia, que assinou um contrato de compra da Eldorado Brasil Celulose e até agora somente levou 49% das ações e briga na Justiça para que os irmãos Batista honrem com o contrato e transfiram os restantes 51% para a Paper Excellence.

Ricardo Lewandowski também atuará em outra batalha da JBS, que é conseguir reduzir a multa do Acordo de Leniência assinado com a PGR, no valor de 10,3 bilhões de reais. Os irmãos Batista que reduzir 6,8 bilhões deste montante.

Mas todos nós sabemos que não se ganha ações deste vulto apenas porque o Ricardo Lewandowski fez um parecer a mais, ou que o Michel Temer e o João Dória fizeram pareceres em defesa da Paper Excellence. Isto só será resolvido a favor de quem tiver maior cacife para convencer juízes a darem decisões favoráveis aos cowboys goianos, mesmo ferindo a lei.

E, sem dúvida, tudo isto é em troca de muito dinheiro. E a coisa vai chegar até o Supremo. Aí, a vantagem poderá estar ao lado de Ricardo Lewandowski, que terá a oportunidade de acionar seus reis, rainhas e bispos, apoiados por peões de gabarito, para distorcer os fatos e dar a vitória definitiva à família Batista.

Poderá demorar uns anos a mais, mais o dim-dim estará caindo farto todos os meses.

Viva a (in) Justiça Brasileira!